quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

10 atitudes para 2010: 7 - Ouvir os mais velhos


Em tempo idos, ouvir os mais velhos era sinônimo de boa educação. Os pais não precisavam dizer nada, um olhar era suficiente para que baixássemos o facho e voltássemos à nossa condição de criança, criatura indócil, desafio a ser vencido para alcançar a domesticação necessária, visando ao bom convívio sociocultural.

Muitas pessoas da minha geração ainda conservam o hábito de tratar seus pais cerimoniosamente por "senhor" e "senhora". Alguns de nós jamais tiveram a abertura necessária para conversar com seus genitores sobre sexo, drogas e rock' n roll. Tive sorte; minha mãe - ela muito mais jovem que meu pai -, atualizada e apenas vinte aninhos mais velha do que eu, era divertidíssima no trato de assuntos mundanos, desfilando situações anedóticas sobre fatos da vida com a maior naturalidade e simplicidade.

Talvez por falta de diálogo nos tornamos uma geração libertária e permissiva - negar aos filhos um presente ou um passeio, para alguns de meus amigos, é cultivar uma tremenda dor na consciência, e abrir mão de ser, aos olhos da galerinha teen, um "igual". Certos pais confundem a cumplicidade tão saudável na relação com seus filhos com uma pretensa e impossível identidade que jamais há de existir, posto que somos frutos de momentos históricos bem diferentes.

Os povos primitivos valorizavam seu clã de anciãos. Eram pessoas reverenciadas e muito bem cuidadas; desfrutar de alguns minutos de sua sabedoria era um privilégio, além de representar uma prova de reconhecimento e distinção - líderes, guerreiros e curandeiros tinham passaporte carimbado para essas consultas.

Em algum momento entre as décadas de 70 e 80, decretou-se que os velhos "já eram". Desde então, valores familiares como autoridade, respeito e obediência vêm se confundindo com violência, temor e resignação. O início deste novo século nos aponta irremediavelmente o caminho de volta: aos costumes, à natureza, à família. Penso ser oportuno resgatar a experiência dos mais velhos para encurtar caminhos, pois o tempo urge, somos bombardeados por avalanches de informação e nem sempre temos a serenidade necessária para selecionar e refletir sobre o que, de fato, é importante.

Dizem que velho é aquele que soma 20 anos à nossa própria idade. Para mim, velho é aquele que deixa de exercer sua vontade e paralisa seu raciocínio, estacionando no passado, porque já não busca renovar sua energia para enfrentar o novo. Cultivo amigos de todas as idades e presto atenção no que dizem; pequenos saberes particulares têm sido nossa moeda de troca. E, creia: a riqueza dos mais velhos tem-se mostrado incomensurável. Sorte a minha deles, generosamente, compartilharem comigo seus tesouros...

Posted via email from Motiv@ção

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