quarta-feira, 28 de julho de 2010

Jornalismo para todos?


Excelente tribuna, o Facebook, que permite discussões com gente inteligente de todos os cantos do mundo sobre os mais variados temas. Hoje, meti-me numa, sobre o ocaso da profissão de jornalista. Como em toda discussão que se preze, há os contra - e, ops, unanimidade, ninguém a favor. Mas, como os pré-requisitos para o exercício da profissão deixaram de exitir por decreto, penso que não adianta chorar sobre o leite derramado; é preciso arregaçar as mangas e buscar fazer o melhor possível utilizando as novas mídias.

Apesar de ser jornalista "juramentada", com registro na Carteira Profissional e tudo a que tenho direito, percebo que o slogan "nada supera o talento" (criado por e para a publicidade, é verdade) deve ser assumido pelo jornalismo. É bom que ocupemos estes espaços antes que desavisados o façam. Penso que nada supera o conteúdo. Se for bom, de interesse, alinhado com os anseios das pessoas de se verem ali representadas, terá audiência. Provavelmente, atrairá patrocínio. Aí, para viver de jornalismo, é seguir o exemplo do Marcelo Tas, que não tem vergonha de ser patrocinado.

Uma colega se queixa da possibilidade de jamais recuperar o investimento feito na carreira - faculdade, cursos e outros que tais. Outra, de ficar desempregada por não ser "nativa" das novas mídias e tecnologias. Acredito que sempre haverá lugar nas empresas jornalísticas para bons profissionais. Que terão, sim, de estar antenados e dominar as novas tecnologias. Não acontece só com a gente não. Contabilistas, engenheiros, médicos - a cada dia aparece uma traquitana diferente que eles têm de dominar, seja uma maneira de mandar informações para a Receita Federal, um novo software que substitui centenas de cálculos e cria os projetos em 3D ou sofisticadas engenhocas a laser para diagnosticar e curar. É o curso da carreira; sem volta.

Outro colega pergunta se quem "não tem vergonha de ser patrocinado" pode ser considerado "sem vergonha". Diz-se vexado pelos rumos do jornalismo atual e cita John Lennon: "It's all show bizz". Concordo: Lennon estava certo. Não vamos voltar à velha discussão da sociedade capitalista, mas jornalismo, há tempos, virou business. Dos grandes. Dominado internacionalmente pela política, pela igreja - bons tempos em que Silvio Santos, o homem do Baú, tinha pretensões de tornar-se dono de rede de TV. Pelo menos sabíamos o que ele vendia: "carnês de felicidade".

Atualmente as intituições (ou os instituídos, tanto faz), querem vender "felicidade-pão-e-circo" e ainda nos ameaçar com uma seleção de tragédias para nos torturar com insegurança em vários níveis diariamente. Não são claros, não dizem a que vêm. Dão com uma mão, nos tiram com outras dez. Se pudermos ocupar o mínimo espaço que seja, em qualquer tipo de mídia, para mostrar isso, alertar os menos preparados a identificar este tipo de manipulação, já terá valido a pena.

Tenho orgulho do Tas, não o acho sem vergonha. Sou da geração dele e vejo que foi um dos poucos que sempre manteve a linha da decência e da coerência. Trabalhou na TV Cultura, fez algo na direção da educação. Quanto ao fato dele não ter vergonha de ser patrocinado, o dinheiro, a meu ver, tem de vir de algum lugar. Então, se ele consegue ser pago para falar mal das instituições (é meio morder a mão que o alimenta - mas tem gente que gosta de sofrer, hehe...) está de parabéns.

Quisera eu ser bem paga para falar o que me vem pela cabeça - e, de quebra, construir uma crítica ferina fazendo o povo rir e refletir. Por enquanto, patrocínio, só de Deus, que me dá saúde, o do meu anjo da guarda, que me oferece alguma lucidez. Então, amigos, é correr atrás para não sermos peremptoriamente atropelados. Na minha idade, devagar e sempre vale mais que vitória na Fórmula 1.

2 comentários:

  1. Concordo Regina, o "nada supera o talento" é como um mantra para quem pretende continuar vivendo como jornalista. Acho que sempre há espaço para a criatividade. Beijos e boa sorte(para nós).

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  2. Que bom, Rafaela! Que as novas gerações privilegiem o conteúdo tendo, como consequência, seu talento reconhecido. Bjks!

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